sábado, 10 de dezembro de 2011

III Domingo do Advento - Ano B




Primeira Leitura (Is 61, 1-2a. 10-11)
Profeta Isaías
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim,
porque o Senhor me ungiu; enviou-me para
dar a boa nova aos humildes, curar as feridas
da alma, pregar a redenção para os cativos e a
liberdade para os que estão presos; para
proclamar o tempo da graça do Senhor.
Exulto de alegria no Senhor e minha alma
regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com
as vestes da salvação, envolveu-me com o
manto da justiça e adornou-me como um
noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas
jóias.
Assim como a terra faz brotar a planta e o
jardim faz germinar a semente, assim o
Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua
glória diante de todas as nações.
Palavra do Senhor.


Salmo de meditação (Lc 1, 46-55)
Ref: A minh’alma se alegra no meu Deus
1. A minha alma engrandece o Senhor, e se
alegrou o meu Espírito em Deus, meu
Salvador, pois, Ele viu a pequenez de sua
serva, eis que agora as gerações hão de
chamar-me de bendita.
2. O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo
é seu nome! Seu amor, de geração em
geração, chega a todos que o respeitam.
3. De bens saciou os famintos e despediu,
sem nada, os ricos Acolheu Israel, seu
servidor, fiel ao seu amor.

Segunda Leitura (I Ts 5, 16-24)
Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: Estai sempre alegres! Rezai sem
cessar. Dai graças em todas as circunstâncias,
porque esta é a vosso respeito a vontade de
Deus em Jesus Cristo.
Não apagueis o espírito! Não desprezeis as
profecias, mas examinai tudo e guardai o que
for bom. Afastai-vos de toda espécie de
maldade!
Que o próprio Deus da paz vos santifique
totalmente, e que tudo aquilo que sois -
espírito, alma, corpo - seja conservado sem
mancha alguma para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo! Aquele que vos chamou é fiel;
ele mesmo realizará isso.
Palavra do Senhor.


Evangelho (Jo 1, 6-8; 19-28)
Evangelho de Jesus Cristo segundo João
Surgiu um homem enviado por Deus, seu
nome era João. Ele veio como testemunha,
para dar testemunho da luz, para que todos
chegassem à fé por meio dele. Ele não era a
luz, mas veio para dar testemunho da luz.
Este foi o testemunho de João, quando os
judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e
levitas para perguntar: “Quem és tu?” João
confessou e não negou. Confessou: “Eu não
sou o Messias”.
Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu
Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles
perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu:
“Não”.
Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos
que levar uma resposta àqueles que nos
enviaram. O que dizes de ti mesmo?” João
declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto:
‘Aplainai o caminho do Senhor’”, conforme
disse o profeta Isaías.
Ora, os que tinham sido enviados pertenciam
aos fariseus e perguntaram: “Por que então
andas batizando, se não és o Messias, nem
Elias, nem o Profeta?”
João respondeu: “Eu batizo com água; mas
no meio de vós está aquele que vós não
conheceis, e que vem depois de mim. Eu não
mereço desamarrar a correia de suas
sandálias”. Isso aconteceu em Betânia além
do Jordão, onde João estava batizando.
Palavra da Salvação.




Mensagem:
A Palavra do Senhor dirigida a nós hoje, fala
de alegria, de esperança, de promessa, de
justiça, de redenção dos cativos, de tempo de
graça do Senhor, da chegada do Messias.
O profeta Isaías, na primeira leitura,
apresenta-se com a missão de anunciar a Boa-
Nova às pessoas que sofrem por causa das
injustiças, da pobreza, de prisões,
perseguições; e de anunciar o ano da graça do
Senhor.
Em um momento em que tudo parecia
perdido e o povo não tinha mais ânimo para
retomar o caminho para reconstruir a nação, e
começar de novo, esse profeta vem cantando
e falando de coisas novas que Deus fará. Ele
anuncia uma nova era em que as relações
humanas serão transformadas radicalmente e
quem realizará essa transformação será Deus.
Na segunda leitura, Paulo propõe aos cristãos
cultivarem atitudes necessárias para a
edificação da comunidade: alegria, oração e
ação de graças. A verdadeira alegria nasce da
oração, “rezai sem cessar, dai graças”. (vv.
17-18) O convite à alegria não significa
esquecer os problemas, é antes de tudo um
chamado a sair do desânimo e fazer alguma
coisa. É um apelo a pôr-se a caminho, porque
o novo vai acontecer, mas é preciso que
preparemos a sua chegada. No Evangelho,
João Batista é apresentado como aquele que
deve “dar testemunho da luz”. (v. 7)
O versículo 5 afirma que as trevas tentaram
apagar a luz. É uma referência ao tipo de
sociedade que busca sufocar a vida em todos
os sentidos. Quando o mundo todo se unir em
defesa da vida, então é que poderemos
afirmar que a vida trazida por Jesus começa a
se realizar de modo pleno. O versículo 8
define, com clareza, a missão de João Batista:
“este homem não era a luz; veio apenas para
dar testemunho da luz”. Dar testemunho da
luz consistia em despertar o desejo e a
esperança de vida, preparando a chegada
daquele que era a vida-luz.
João Batista não falava em festa, em alegria,
mas convidava o povo a pôr-se a caminho, a
arrumar a vida para encontrar-se com alguém
muito especial, que “já estava no meio do
povo”, e que viria trazer a alegria tão
sonhada. Pois é a alegria de saber que Deus
vem para salvar seu povo e plantar a justiça
que ele veio proclamar. Indagado se era ele o
Messias, ele foi claro: “Não sou!”
De si mesmo João dizia ser apenas uma
simples voz, alguém a anunciar uma
mensagem, sem nem mesmo ter a pretensão
de que todos o escutassem. Consciente de que
seu papel era apontar o caminho, e que
converter-se é uma decisão pessoal, João
cumpre a sua missão e deixa que as pessoas
decidam suas vidas.
O Evangelho, então, nos ensina que é feliz
somente aquele que escuta a “voz” de quem,
como João Batista, aponta a única luz que
vale a pena seguir: a de Jesus Cristo. E hoje,
somos nós a “voz” que anuncia Cristo aos
irmãos? Não acontece, às vezes, que, em vez
de anunciar Cristo, colocamo-nos em
primeiro plano e deste modo impedimos as
pessoas de conhecer a “verdadeira luz” que é
Cristo?


Leituras da semana
2ª feira: Gl 4, 4-7; Sl 95; Lc 1, 39-47
3ª feira: Sf 3, 1-2.9-13; Sl 33; Mt 21, 28-32
4ª feira: Is 45, 6b-25; Sl 84; Lc 7, 19-23
5ª feira: Is 54, 1-10; Sl 29; Lc 7, 24-30
6ª feira: Is 56, 1-3ª.6-8; Sl 66; Jo 5, 33-36
Sábado: Gn 49, 2.8-10; Sl 71; Mt 1, 1-17



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Primeiro Domingo do Advento - Ano B




Primeira Leitura (Is 63, 16b-17.19b:64, 2b-7)

Leitura do Livro do Profeta Isaías
Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. Ah! se rompesses os céus e descesses!
As montanhas se desmanchariam diante de ti. Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam.
Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos.
Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento.
Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo, escondeste de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade. Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos.
Palavra do Senhor.
Graças a Deus

Salmo de meditação ( Sl 79)
 
Ref: Mostrai-nos, ó Senhor, a vossa face.
 E a vossa salvação nos concedei! (bis)
1. Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos, aparecei cheio de glória e resplendor! Despertai vosso poder, ó nosso Deus. e vinde logo nos trazer a salvação!
2. Voltai-vos para nós, Deus do universo! Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a e ao rebanho que firmastes.
3. Pousai a mão por sobre o vosso protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos a vida e louvaremos vosso nome!

Segunda Leitura (I Cor 1, 3-9)

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus:
Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós.
Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até ao fim, até ao dia de nosso Senhor, Jesus Cristo.
Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.
Palavra do Senhor.
Graças a Deus.

Evangelho (Mc 13, 33-37)
 
O Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos
Glória a vós Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento.
É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.
Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer.
Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo.
O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”

Palavra da Salvação.
Glória a vós Senhor.

sábado, 19 de novembro de 2011

Jesus Cristo, Rei do Universo


Primeira Leitura (Ez 34, 11-12-15-
17)
Leitura da Profecia de Ezequiel
Assim diz o Senhor Deus: “Vede! Eu mesmo
vou procurar minhas ovelhas e tomar conta
delas. Como o pastor toma conta do rebanho,
de dia, quando se encontra no meio das
ovelhas dispersas, assim vou cuidar de
minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os
lugares em que foram dispersadas num dia de
nuvens e escuridão.
Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas
e fazê-las repousar – oráculo do Senhor Deus.
Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a
extraviada, enfaixar a da perna quebrada,
fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e
forte. Vou apascentá-las conforme o direito.
Quanto a vós, minhas ovelhas – assim diz o
Senhor Deus – eu farei justiça entre uma
ovelha e outra, entre carneiros e bodes.
Palavra do Senhor.

Salmo de meditação (Sl 22)
Ref: O Senhor é o Pastor que me conduz; *
não me falta coisa alguma.

1. Pelos prados e campinas verdejantes * ele
me leva a descansar.*Para as águas
repousantes me encaminha * e restaura
minhas forças.
2. Preparais, à minha frente, uma mesa, *
bem à vista do inimigo, * e com óleo vós
ungis minha cabeça; * o meu cálice
transborda.
3. Felicidade e todo bem hão de seguir-me *
por toda a minha vida; * e, na casa do
Senhor, habitarei * pelos tempos infinitos.

Segunda Leitura(I Cor 15, 20-26.28)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo
aos Coríntios.
Irmãos: na realidade, Cristo ressuscitou dos
mortos como primícias dos que morreram.
Com efeito, por um homem veio a morte e é
também por um homem que vem a
ressurreição dos mortos. Como em Adão
todos morrem, assim também em Cristo todos
reviverão.
Porém, cada qual segundo uma ordem
determinada: em primeiro lugar, Cristo, como
primícias; depois, os que pertencem a Cristo,
por ocasião da sua vinda. A seguir, será o
fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai,
depois de destruir todo principado e todo
poder e força. Pois é preciso que ele reine até
que todos os seus inimigos estejam debaixo
de seus pés. O último inimigo a ser destruído
é a morte.
E, quando todas as coisas estiverem
submetidas a ele, então o próprio Filho se
submeterá àquele que lhe submeteu todas as
coisas, para que Deus seja tudo em todos.
Palavra do Senhor.

Evangelho (Mt 25, 31-46)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo Mateus
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
“Quando o Filho do Homem vier em sua
glória, acompanhado de todos os anjos, então
se assentará em seu trono glorioso. Todos os
povos da terra serão reunidos diante dele, e
ele separará uns dos outros, assim como o
pastor separa as ovelhas dos cabritos.
E colocará as ovelhas à sua direita e os
cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos
que estiverem à sua direita: ‘Vinde benditos
de meu Pai! Recebei como herança o Reino
que meu Pai vos preparou desde a criação do
mundo! Pois eu estava com fome e me destes
de comer; eu estava com sede e me destes de
beber; eu era estrangeiro e me recebestes em
casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava
doente e cuidastes de mim; eu estava na
prisão e fostes me visitar’.
Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor,
quando foi que te vimos com fome e te
demos de comer? Com sede e te demos de
beber? Quando foi que te vimos como
estrangeiro e te recebemos em casa, e sem
roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos
doente ou preso, e fomos te visitar?’
Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu
vos digo, que todas as vezes que fizestes isso
a um dos menores de meus irmãos, foi a mim
que o fizestes!’
Depois o rei dirá aos que estiverem à sua
esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide
para o fogo eterno, preparado para o diabo e
para os seus anjos. Pois eu estava com fome e
não me destes de comer; eu estava com sede
e não me destes de beber; eu era estrangeiro e
não me recebestes em casa; eu estava nu e
não me vestistes; eu estava doente e na prisão
e não fostes me visitar’.
E responderão também eles: ‘Senhor, quando
foi que te vimos com fome, ou com sede,
como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e
não te servimos?’ Então o Rei lhes
responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas
as vezes que não fizestes isso a um desses
pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’
Portanto, estes irão para o castigo eterno,
enquanto os justos irão para a vida eterna”.
Palavra da Salvação.

Reflexão

O Ano Litúrgico termina com a festa de
Cristo Rei. E fica a pergunta: quem é esse
Cristo Rei para a comunidade reunida para
celebrar o memorial da Páscoa?
A primeira leitura mostra em que consiste a
realeza de Deus: ela é serviço à liberdade e à
vida das pessoas. Sobretudo das que são
impedidas de viver.
O Evangelho, por sua vez, nos compromete
radicalmente com a prática da justiça,
traduzida em solidariedade e partilha com
todos os necessitados, vendo neles o próprio
Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje
continua nos desafiando, colocando-nos
diante dos irmãos “menores e mais fracos”.
Paulo, por sua vez, com a ressurreição de
Jesus comprova a vitória da justiça.
Dentro de nós há uma semente de
ressurreição, de justiça, de partilha e
solidariedade. Jesus fala das obras de
misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de
comer aos famintos, dar de beber aos que têm
sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus,
visitar os doentes, acrescentando a visita aos
prisioneiros; não menciona, porém, a
educação dos órfãos e o sepultamento dos
mortos, que também faziam parte das
recomendações.
Quem não praticou essas obras perdeu a
oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus
presente nos necessitados. Se ele está nos
irmãos, ele está no meio de nós em todos os
lugares e momentos. O Reino de que Jesus
fala é um reino não de poder, mas sim de
serviço: “O Filho do homem não veio para
ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20,28).
Esse é o critério de julgamento. Entrar no
reino supõe que os discípulos tenham seguido
os passos do pastor, do mestre a serviço de
todos, especialmente dos mais necessitados.
É possível proclamar a realeza de Cristo
enquanto seus irmãos prediletos são
excluídos da liberdade e do direito à vida
digna?
Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome,
com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado,
sem direito à educação em nosso meio?
“Entre nós, está, e não o conhecemos, entre
nós está e nós o desprezamos”

sábado, 5 de novembro de 2011

32º Domingo do Tempo Comum - Ano A

A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum convida-nos à vigilância. Recorda-nos que a segunda vinda do Senhor Jesus está no horizonte final da história humana; devemos, portanto, caminhar pela vida sempre atentos ao Senhor que vem e com o coração preparado para o acolher.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Tessalónica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre.
O Evangelho lembra-nos que “estar preparado” para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino. Com o exemplo das cinco jovens “insensatas” que não levaram azeite suficiente para manter as suas lâmpadas acesas enquanto esperavam a chegada do noivo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino.
A primeira leitura apresenta-nos a “sabedoria”, dom gratuito e incondicional de Deus para o homem. É um caso paradigmático da forma como Deus se preocupa com a felicidade do homem e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao homem resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece.


LEITURA I – Sab 6,12-16

Leitura do Livro da Sabedoria

A Sabedoria é luminosa e o seu brilho é inalterável;
deixa-se ver facilmente àqueles que a amam
e faz-se encontrar aos que a procuram.
Antecipa-se e dá-se a conhecer aos que a desejam.
Quem a busca desde a aurora não se fatigará,
porque há-de encontrá-la já sentada à sua porta.
Meditar sobre ela é prudência consumada,
e quem lhe consagra as vigílias depressa ficará sem cuidados.
Procura por toda a parte os que são dignos dela:
aparece-lhes nos caminhos, cheia de benevolência,
e vem ao seu encontro em todos os seus pensamentos.

AMBIENTE

O “Livro da Sabedoria” é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor – um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) – exprimindo-se em termos e concepções do mundo helénico, faz o elogio da “sabedoria” israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os pagãos (idólatras) e os hebreus (fiéis a Jahwéh). O seu objectivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus… Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira “sabedoria” e a verdadeira felicidade.
O texto que nos é proposto pertence à segunda parte do livro (cf. Sab 6,1-9,18). Aí, o autor do livro coloca na boca do rei Salomão (embora o nome do rei nunca seja referido explicitamente) o “elogio da sabedoria”. Dirigindo-se aos outros reis, Salomão convida-os a acolher a “sabedoria” (cf. Sab 6,11), pois ela é bela, inalterável e garante a imortalidade e o reinado eterno.
O que é esta “sabedoria” de que aqui se fala? A “sabedoria” é a arte de bem viver, de ser feliz. Consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento deduzidas da reflexão e da experiência, destinadas a orientar o homem sobre a forma de conduzir-se na vida do dia a dia. O objectivo dessas normas é proporcionar ao homem uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos.
No entanto, a reflexão israelita acabou por identificar a “sabedoria” com a Torah (Lei de Deus). Ser “sábio” é – para a reflexão judaica da época em que o “Livro da Sabedoria” apareceu – cumprir integralmente os mandamentos da Lei. Na “sabedoria”/Torah, revelada por Jahwéh, está o caminho para ter êxito, para ultrapassar os obstáculos que a vida traz e para ser feliz.
É neste contexto que devemos entender este convite à “sabedoria”.

MENSAGEM

A “sabedoria” não é, na perspectiva do autor do texto, algo de misterioso, e de oculto, que o homem tem dificuldade em encontrar… Ela brilha com brilho inalterável e atraente, que prende o olhar de quem a procura. Não é preciso correr atrás dela, com cuidado e fadiga, trilhando caminhos difíceis ou procurando em lugares recônditos e sombrios… Basta sentir interesse por ela, amá-la, desejá-la, que ela imediatamente se fará presente, oferecendo a vida e a felicidade a todos os que anseiam por ela. Quem ama a “sabedoria” facilmente “tropeça” nela, nas circunstâncias mais comuns da vida do dia a dia: à porta da casa, nos caminhos e até na intimidade dos próprios pensamentos… Para que a “sabedoria” ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para a acolher.

ACTUALIZAÇÃO

A reflexão pode partir dos seguintes dados:

• A “sabedoria” de que o autor da primeira leitura fala é um dom de Deus para que o homem saiba conduzir a sua vida ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira felicidade. Deus não é um adversário do homem, com ciúmes do homem, preocupado em impedir a felicidade e a realização do homem; mas é um Deus cheio de amor, preocupado em proporcionar ao homem todas as possibilidades de ser feliz e de se realizar plenamente. A nossa leitura convida-nos a ver em Deus esse Pai cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, sempre disposto a oferecer-lhes os seus dons e a conduzi-los para a vida e para a salvação; e convida-nos a uma atenção contínua, a fim de detectarmos e acolhermos esses dons que, a cada instante, Deus nos oferece.

• O que é decisivo para que o homem tenha acesso pleno aos dons de Deus é a sua disponibilidade para acolher e para aceitar esses dons… Deus coloca os seus dons à disposição do homem, de forma gratuita e incondicional; ao homem é pedido apenas que não se feche no seu egoísmo e na sua auto-suficiência, mas abra o seu coração à graça que Deus lhe oferece.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 62 (63)

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus.

Senhor, sós o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água.

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida;
por isso, os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores.

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.

Quando no leito Vos recordo,
passo a noite a pensar em Vós.
Porque Vos tornastes o meu refúgio,
exulto à sombra das vossas asas.


LEITURA II – 1 Tes 4,13-18

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses

Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância
a respeito dos defuntos,
para não vos contristardes como os outros,
que não têm esperança.
Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou,
do mesmo modo, Deus levará com Jesus
os que em Jesus tiverem morrido.
Eis o que temos para vos dizer,
segundo a palavra do Senhor:
Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor,
não precederemos os que tiverem morrido.
Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina,
o próprio Senhor descerá do Céu,
e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.
Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado,
seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens,
para irmos ao encontro do Senhor nos ares,
e assim estaremos sempre com o Senhor.
Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

AMBIENTE

De acordo com os “Actos dos Apóstolos”, Paulo não teve muito tempo para evangelizar os tessalonicenses. Depois de poucas semanas de pregação, um motim habilmente preparado pelos judeus da cidade obrigou-o a deixar precipitadamente Tessalónica, deixando atrás de si uma comunidade cristã fervorosa e entusiasta, mas insuficientemente preparada do ponto de vista catequético (cf. Act 17,1-10). Paulo foi para Bereia, depois para Atenas e Corinto. De Corinto, Paulo enviou Timóteo ao encontro dos tessalonicenses, para verificar como é que a comunidade se estava a aguentar face à hostilidade dos judeus. No regresso a Corinto, Timóteo deu conta a Paulo da situação da comunidade: os tessalonicenses continuavam a viver com entusiasmo a sua fé, embora sentissem algumas dúvidas em questões de fé e de doutrina.
Um dos problemas teológicos que mais preocupava os tessalonicenses era a questão da parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos)… Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que esse dia surgiria num espaço de tempo muito curto e que assistiriam ao triunfo final de Jesus. A este propósito os tessalonicenses punham, no entanto, um problema muito prático: qual será a sorte dos cristãos que morrerem antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com ele no Reino de Deus se já estão mortos?
É então que Paulo escreve aos tessalonicenses, encorajando-os na fé e respondendo às suas dúvidas. Estamos no ano 50 ou 51. O texto que nos é proposto é parte desse esclarecimento sobre a parusia que Paulo incluiu na carta.

MENSAGEM

Antes de mais, Paulo confirma aquilo que, provavelmente, já antes havia ensinado aos tessalonicenses: que Cristo virá para concluir a história humana; e que todo aquele que tiver aderido a Cristo e se tiver identificado com Ele, esteja morto ou esteja vivo, encontrará a salvação (vers. 14). Se Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba, quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele… Isto deve encher de esperança o cristão, mantendo-o alegre, sereno e cheio de ânimo.
Como é que se concretizará isso? Como é que aqueles que já morreram assistirão ao triunfo final de Cristo?
Paulo não é demasiado explícito, pois está consciente que se trata de uma realidade misteriosa, que foge à lógica e à linguagem humanas. De qualquer forma, para descrever a passagem do homem velho para a realidade do homem novo que vive para sempre junto de Deus, Paulo vai recorrer ao género literário “apocalipse”, um género literário que utiliza preferentemente a imagem e o símbolo (afinal, a linguagem mais adaptada para expressar uma realidade que nos ultrapassa e que não conseguimos definir e explicar nos seus detalhes). O quadro que Paulo traça é o seguinte: aqueles crentes que entretanto morreram ressuscitarão primeiro (“à voz do arcanjo”, “ao som da trombeta de Deus” – elementos típicos da escatologia judaica); depois, em companhia de “nós, os vivos”, irão ao encontro do Senhor que vem na sua glória e permanecerão com Ele para sempre.
Em qualquer caso, o que está aqui em causa não é a definição do quadro fotográfico da última vinda do Senhor… O que Paulo aqui pretende é tranquilizar os tessalonicenses, assegurando-lhes que não haverá qualquer diferença ou discriminação entre os que morreram antes da segunda vinda de Jesus e aqueles que permanecerem vivos até esse instante: uns e outros encontrar-se-ão com o Senhor Jesus, partilharão o seu triunfo e entrarão com ele na glória.

ACTUALIZAÇÃO

Na reflexão e partilha, considerar as seguintes questões:

• A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um projecto de salvação e de vida para cada homem; e que esse projecto está a realizar-se continuamente em nós, até à sua concretização plena, quando nos encontrarmos definitivamente com Deus.

• A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direcção a esse desabrochar pleno, a essa vida total em que se revelará o Homem Novo.

• Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).

• Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com gestos concretos, que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e das coisas.


ALELUIA – Mt 24,42a.44

Aleluia. Aleluia.

Vigiai e estai preparados,
porque, na hora em que não pensais,
virá o Filho do homem.


EVANGELHO – Mt 25,1-13

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,
Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens,
que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas,
não levaram azeite consigo,
enquanto as prudentes,
com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava,
começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite ouviu-se um brado:
‘Aí vem o esposo; ide ao seu encontro’.
Então, as virgens levantaram-se todas
e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes:
‘Dai-nos do vosso azeite,
que as nossas lâmpadas estão a apagar-se’.
Mas as prudentes responderam:
‘Talvez não chegue para nós e para vós.
Ide antes comprá-lo aos vendedores’.
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo.
As que estavam preparadas
entraram com ele para o banquete nupcial;
e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram:
‘Senhor, senhor, abre-nos a porta’.
Mas ele respondeu:
‘Em verdade vos digo: Não vos conheço’.
Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora.

AMBIENTE

Nos capítulos 24 e 25 do seu Evangelho, Mateus apresenta um quinto e último discurso de Jesus. Para compô-lo, Mateus reelaborou o chamado “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e ampliou-o com três parábolas e uma impressionante descrição do juízo final.
Enquanto em Marcos, o “discurso escatológico” se refere, especialmente, aos sinais que precederão a destruição do Templo de Jerusalém, em Mateus o mesmo discurso aborda, sobretudo, o tema da segunda vinda de Jesus e a atitude com que os discípulos devem preparar essa vinda. Esta mudança de perspectiva tem a ver com as necessidades da comunidade de Mateus…
Estamos nos finais do séc. I (década de 80)… Já tinha passado a “febre escatológica” e os cristãos já não esperavam a vinda iminente de Jesus. Passado o entusiasmo inicial, a vida de fé dos crentes tinha arrefecido e a comunidade tinha-se instalado na rotina, no comodismo, na facilidade… Era preciso algo que abanasse os discípulos e os despertasse de novo para o compromisso com o Evangelho.
Neste contexto, Mateus descobre que as palavras do “discurso escatológico” de Jesus encerram uma poderosa interpelação; então compõe, com elas, uma exortação dirigida aos cristãos. Fundamentalmente, lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; mas enquanto esse acontecimento não se realiza, os crentes são chamados a viver com coerência e entusiasmo a sua fé, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A isto, a catequese primitiva chama “estar vigilantes, à espera do Senhor que vem”.
A parábola que hoje nos é proposta alude aos rituais típicos dos casamentos judaicos. De acordo com os costumes, a cerimónia do casamento começava com a ida do noivo a casa da noiva, para levá-la para a sua nova casa. Normalmente, o noivo chegava atrasado, pois devia, antes, discutir com os familiares da noiva os presentes que ofereceria à família da sua amada. As negociações entre as duas partes eram demoradas e tinham uma importante função social… Os parentes da noiva deviam mostrar-se exigentes, sugerindo dessa forma que a família perdia algo de muito precioso ao entregar a menina a outra família; por outro lado, o noivo e os seus familiares ficavam contentes com as exigências, pois dessa forma mostravam aos vizinhos e conhecidos o valor e a importância dessa mulher que entrava na sua família. Os que testemunhavam o acordo, estavam prontos para ir avisar a noiva de que as negociações estavam concluídas e o noivo ia chegar… Enquanto isso, a noiva, vestida a preceito, esperava em casa do seu pai que o noivo viesse ao seu encontro. As amigas da noiva esperavam também, com as lâmpadas acesas, para acompanhar a noiva, entre danças e cânticos, à sua nova casa. Era aí que tinha lugar a festa do casamento.
É este pano de fundo que a nossa parábola supõe.

MENSAGEM

A “parábola das dez virgens”, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino” (vers. 1: “o Reino dos céus pode comparar-se…”). O Reino de Deus é, aqui, comparado com uma das celebrações mais alegres e mais festivas que os israelitas conheciam: o banquete de casamento. As dez jovens, representam a totalidade do Povo de Deus, que espera ansiosamente a chegada do messias (o noivo)… Uma parte desse Povo (as jovens previdentes) está preparada e, quando o messias finalmente aparece, pode entrar a fazer parte da comunidade do Reino; outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada e não pode entrar na comunidade do Reino.
A parábola original constituía, pois, um apelo aos israelitas no sentido de não perderem a oportunidade de participar na grande festa do Reino.
Algumas dezenas de anos depois, Mateus retomou a mesma parábola, adaptando-a às necessidades da comunidade. A parábola foi, então, convertida numa exortação a estar preparado para a vinda do Senhor, a qual pode acontecer no momento menos esperado. A festa é, neste novo contexto, a segunda vinda de Jesus. O noivo que está para chegar é Jesus. As dez jovens representam a Igreja que, experimentando na história as dificuldades e as perseguições, anseia pela chegada da libertação definitiva. Uma parte da Igreja (as jovens previdentes) está preparada, vigilante, atenta e, quando o “noivo” chega, pode entrar no banquete da vida eterna; a outra parte (as jovens descuidadas) não está preparada, porque apostou nos valores do mundo, guiou a sua vida por eles e esqueceu os valores do Reino.
O que é que significa, na perspectiva de Mateus, “estar preparado para acolher a vinda do Senhor”? Significa, escutar as palavras de Jesus, acolhê-las no coração e viver de forma coerente com os valores do Evangelho… “Estar preparado” significa, fundamentalmente, viver na fidelidade aos projectos do Pai e amar os irmãos até ao dom da vida, em todos os instantes da nossa existência.
A mensagem que Mateus pretende transmitir com esta parábola aos cristãos da sua comunidade (e, no fundo, aos cristãos de todas as comunidades cristãs de todos os tempos e lugares) é esta: nós os crentes, não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, no adormecimento, no descuido, numa vida de fé que não compromete, numa religião de “meias tintas” e de facilidade, num testemunho pouco empenhado e pouco coerente… É preciso, no entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso activo com os valores do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o Reino.

ACTUALIZAÇÃO

Considerar as seguintes questões:

• Nós, os cristãos do séc. XXI, não somos significativamente diferentes dos cristãos que integravam a comunidade de Mateus… Também percorremos um caminho de altos e baixos, em que os momentos de entusiasmo e de compromisso alternam com os momentos de instalação, de comodismo, de adormecimento, de pouco empenho. As dificuldades da caminhada, os apelos do mundo, a monotonia, a nossa fragilidade levam-nos, frequentemente, a esquecer os valores do Reino e a correr atrás de valores efémeros, que parecem garantir-nos a felicidade e só nos arrastam para caminhos de escravidão e de frustração. O Evangelho deste domingo lembra-nos que a segunda vinda do Senhor deve estar sempre no horizonte final da nossa existência e que não podemos alienar os valores do Evangelho, pois só eles nos mantêm identificados com esse Senhor Jesus que há-de voltar para nos oferecer a vida plena e definitiva. Enquanto caminhamos nesta terra devemos, pois, manter-nos atentos e vigilantes, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com esse Reino que Ele nos mandou construir.

• “Estar preparado” não significa, contudo, ter a “alminha” limpa e sem mancha, para que, quando nos encontrarmos com o Senhor, Ele não tenha nenhuma falta não confessada a apontar-nos e nos leve para o céu… Mas significa, sobretudo, vivermos dia a dia, de forma comprometida e entusiasta, o nosso compromisso baptismal. “Estar preparado” passa por descobrirmos dia a dia os projectos de Deus para nós e para o mundo e procurar concretizá-los, com alegria e entusiasmo; “estar preparado” passa por fazermos da nossa vida, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na partilha, no amor, ao jeito de Jesus.

• Embora o nosso texto se refira, primordialmente, ao nosso encontro final com Jesus, todos nós temos consciência de que esse momento não será o nosso único encontro com o Senhor… Jesus vem ao nosso encontro todos os dias e reclama o nosso empenho e o nosso compromisso na construção de um mundo novo – o mundo do Reino. Ele faz ecoar o seu apelo na Palavra de Deus que nos questiona, na miséria de um pobre que nos interpela, no pedido de socorro de um homem escravizado, na solidão de um velho carente de amor e de afecto, no sofrimento de um doente terminal abandonado por todos, no grito aflito de quem sofre a injustiça e a violência, no olhar dolorido de um imigrante, no corpo esquelético de uma criança com fome, nas lágrimas do oprimido… O Evangelho deste domingo avisa-nos que não podemos instalar-nos no nosso egoísmo e na nossa auto-suficiência e recusar-nos a escutar os apelos do Senhor.

• A história das jovens “insensatas” que se esqueceram do essencial faz-nos pensar na questão das prioridades… É fácil irmos “na onda”, preocuparmo-nos com o imediato, o visível, o efémero (o dinheiro, o poder, a influência, a imagem, o êxito, a beleza, os triunfos humanos…) e negligenciarmos os valores autênticos. Mateus, com algum dramatismo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino. O objectivo da catequese de Mateus não é dizer-nos que, se não nos portarmos bem, Deus nos castiga com o inferno; mas é alertar-nos para a seriedade com que devemos avaliar as nossas opções, de forma a não perdermos oportunidades para nos realizarmos e para chegarmos à felicidade plena e definitiva.


ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A LITURGIA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 32º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…

2. DURANTE A CELEBRAÇÃO.
É através do canto da anamnese, em particular, que a nossa espera do Senhor é cantada e proclamada. Hoje, este cântico deveria ser particularmente cuidado. Além disso, podemos realçar a dimensão da espera preparando uma faixa com as palavras: “Esperamos a vossa vinda na glória”.

3. PALAVRA DE VIDA.
Acontece-nos sermos apanhados pelo sono, quando a noite se prolonga ou quando a fadiga se faz sentir. Quem pode recriminar-nos por isso? Assim, ninguém critica as jovens convidadas para o banquete por terem adormecido: o esposo tardava em chegar. Ao contrário, o que distingue estas jovens é que algumas eram insensatas, descuidadas, imprevidentes, e as outras, sensatas, previdentes, prudentes. Com efeito, é antes de adormecer que é preciso vigiar, prever, de maneira a estarmos prontos para o encontro, e não sermos apanhados desprevenidos, sem nada preparado, e sobretudo sem o essencial. Arriscamos faltar ao encontro…

4. UM PONTO DE ATENÇÃO.
Celebrar à volta do mesmo cântico… De vez em quando, é conveniente unificar a celebração à volta de um mesmo cântico. Os textos de hoje sublinham uma atitude de disponibilidade para com Deus, o desejo de encontrar Deus, a espera da sua vinda. Na primeira leitura, a Sabedoria é o próprio Deus que é preciso procurar desde a aurora, e quem vem à nossa frente. O salmo exprime o mesmo desejo em forma de oração. O Evangelho convida a guardar a lâmpada sempre acesa, etc. Podemos escolher um cântico relacionado com este tema, mesmo se não segue à letra a expressão do tema. Pode-se começar o cântico antes da primeira leitura, retomar outras estrofes depois do Evangelho, e outras ainda no momento de acção de graças.

5. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE…
Visitar alguém, encontrar-se… Comprometer-se a visitar uma pessoa que tenha necessidade de “reconforto” (chegada de novo, doente, só)… Aqueles que quiserem poderão encontrar-se para uma simples partilha sobre as suas dificuldades actuais…


UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

XXIX Domingo Tempo Comum - 16 de outubro de 2011




Primeira Leitura (Is 45, 1. 4-6)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões. Por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome; reservei-te, e não me reconheceste. Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus. Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro. Palavra do Senhor.

 Salmo de meditação (Sl 95)
Ref: Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Manifestai a sua glória entre as nações e entre os povos do universo, seus prodígios!
2. Pois Deus é grande e muito digno de louvor, é mais terrível e maior que os
outros deuses, porque nada são os deuses dos pagãos, foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
3. Ó família das nações, dai ao Senhor, ó nações, dai ao Senhor poder e glória, dailhe
a glória que é devida ao seu nome, Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
4. Adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele! Publicai
entre as nações: “Reina o Senhor” pois os povos ele julga com justiça.

Segunda Leitura(Its 1, 1-5b)
Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância. Palavra do Senhor.

Evangelho (Mt 22, 15-21)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Trouxeram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Palavra da Salvação.



Reflexão
A primeira leitura nos fala que Deus é livre para escolher quem Ele quer para agir em seu nome. Ciro era rei dos persas. Derrubou o império babilônico e permitiu que o povo de Deus voltasse à sua terra e reconstruísse o templo e a cidade de Jerusalém. Esse rei pagão, vencendo a Babilônia e dando liberdade ao povo exilado, está sendo escolhido por Deus para estabelecer a justiça na história.
Ao dar uma espécie de anistia pelo decreto conhecido como edito de Ciro, ele é saudado como o enviado e ungido do Senhor para libertar seu povo. Está sendo escolhido por Deus para estabelecer a justiça na história. Está devolvendo a Deus o que lhe pertence - o povo sofrido, centro das atenções de Deus.
Paulo anuncia o Evangelho e forma, em Tessalônica, um pequeno grupo. Ele ficou aí poucas semanas, pois teve que fugir, perseguido que estava. A palavra despertou a fé; a força de Deus esteve presente e aí se formou um povo eleito. A comunidade de Tessalônica torna-se exemplo de caminho a ser seguido pela “atuação da fé, esforço da caridade e firmeza da esperança”. O Evangelho nos fala dos fariseus e herodianos que se dirigem a Jesus e, após palavras de elogio, chamando-o de verdadeiro e dizendo que Ele ensinava o caminho de Deus, interrogam-no se é lícito pagar o imposto a César. Jesus é muito hábil em sua
resposta, que denuncia a hipocrisia, desfaz a armadilha que lhe prepararam e oferece um ensinamento acima do nível proposto pelos inimigos. Jesus afirma que acima de qualquer poder humano está Deus e seu povo, criado à sua imagem e semelhança. Não se trata de devolver uma vil moeda, mas sim de devolver a Deus seu povo, o qual não deve se submeter a nenhum poder humano que se faça passar por divino.
Em meio a tanta corrupção que vemos hoje, podemos reconhecer vários poderosos que se colocam como deuses. O poder político coloca-se como valor absoluto. Pessoas, regimes ou estruturas impedem a humanidade de ser “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Roubam de Deus o que pertence unicamente a Ele: o povo. A Deus não temos como pagar, pois tudo a Ele pertence. O tributo que podemos pagar a Deus é a entrega de nossa vida, compromisso com o projeto que Jesus nos ensinou, no amor fraterno e na justiça. Ligamos fé e economia, conseguindo romper com a dominação do dinheiro, do consumismo, da adoração à moeda estrangeira, do poder e do sucesso? Na Igreja, na comunidade, como nos organizamos para ficar livres da ganância do poder e do dinheiro?

Leituras da semana
2ª feira: Rm 4, 20-25; Lc 1;Lc 12, 13-21
3ª feira: 2Tm 4, 10-17b;Sl 144; Lc 10, 1-9
4ª feira: Rm 6, 12-18;Sl 123; Lc 12, 39-48
5ª feira: Rm 6, 19-23; Sl 1; Lc 12, 49-53
6ª feira: Rm 7, 18-25a;Sl 118; Lc 12, 54-59
Sábado Rm 8, 1-11; Sl 23; Lc 13, 1-9



sábado, 8 de outubro de 2011

XXVIII Domingo Tempo Comum - 09 de outubro de 2011





1ª Leitura - Is 25, 6-10a
O Senhor dará um banquete e enxugará
as lágrimas de todas as faces.
leitura do Livro do Profeta Isaías 25, 6-10a
6O Senhor dos exércitos daráneste monte, para todos os povos,um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro,servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos.7Ele removerá, neste monte,a ponta da cadeia que ligava todos os povos,a teia em que tinha envolvido todas as nações.8O Senhor Deus eliminará para sempre a mortee enxugará as lágrimas de todas as facese acabará com a desonra do seu povo em toda a terra,o Senhor o disse.9Naquele dia, se dirá: 'Este é o nosso Deus,esperamos nele, até que nos salvou;este é o Senhor, nele temos confiado:vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo'.10aE a mão do Senhor repousará sobre este monte.Palavra do Senhor.

Salmo - Sl 22,1-3a.3b-4.5-6 (R. 6cd)
R. Na casa do Senhor habitarei, eternamente.

1O Senhor é o pastor que me conduz;*não me falta coisa alguma.2Pelos prados e campinas verdejantes*ele me leva a descansar.Para as águas repousantes me encaminha,*3e restaura as minhas forças.R.
3bEle me guia no caminho mais seguro,*pela honra do seu nome.4Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*nenhum mal eu temerei;estais comigo com bastóo e com cajado;*eles me dão a segurança!R.
5Preparais à minha frente uma mesa,*bem à vista do inimigo,e com óleo vós ungis minha cabeça;*o meu cálice transborda.R.
6Felicidade e todo bem hão de seguir-me*por toda a minha vida;e na casa do Senhor, habitarei*pelos tempos infinitos.R.

2ª Leitura - Fl 4,12-14.19-20
Tudo posso naquele que me dá força.
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses 
Irmãos:12Sei viver na miséria e sei viver na abundância.Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquersituação, estando farto ou passando fome,tendo de sobra ou sofrendo necessidade.13Tudo posso naquele que me dá força.14No entanto, fizestes bem em compartilhar as minhasdificuldades.19O meu Deus proverá esplendidamente com sua riquezaa todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus.20Ao nosso Deus e Pai,a glória pelos séculos dos séculos. Amém.Palavra do Senhor.

Evangelho - Mt 22,1-14
Convidai para a festa todos os que encontrardes.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,1-14
Naquele tempo:Jesus voltou a falar em parábolasaos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo,2dizendo: 'O Reino dos Céus é como a história do reique preparou a festa de casamento do seu filho.3E mandou os seus empregadospara chamar os convidados para a festa,mas estes não quiseram vir.4O rei mandou outros empregados, dizendo:`Dizei aos convidados: já preparei o banquete,os bois e os animais cevados já foram abatidose tudo está pronto. Vinde para a festa!'5Mas os convidados não deram a menor atenção:um foi para o seu campo, outro para os seus negócios,6outros agarraram os empregados,bateram neles e os mataram.7O rei ficou indignado e mandou suas tropas para mataraqueles assassinos e incendiar a cidade deles.8Em seguida, o rei disse aos empregados:`A festa de casamento está pronta,mas os convidados não foram dignos dela.9Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhose convidai para a festa todos os que encontrardes.'10Então os empregados saíram pelos caminhose reuniram todos os que encontraram, maus e bons.E a sala da festa ficou cheia de convidados.11Quando o rei entrou para ver os convidados, observouali um homem que não estava usando traje de festa12e perguntou-lhe: `Amigo,como entraste aqui sem o traje de festa?'Mas o homem nada respondeu.13Então o rei disse aos que serviam:`Amarrai os pés e as mãos desse homeme jogai-o fora, na escuridão!Ali haverá choro e ranger de dentes'.14Por que muitos são chamados, e poucos são escolhidos.'Palavra da Salvação.


Mensagem

A primeira parábola é a parábola dos convidados para o “banquete” (vers. 1-10). Apresenta-nos um rei que organizou um banquete para celebrar o casamento do seu filho. Convidou várias pessoas, mas os convidados recusaram-se a participar no “banquete”, apresentando as desculpas mais inverosímeis. Mateus chega a dizer (um dado que não aparece no relato de Lucas) que teriam até assassinado os emissários do rei… Trata-se de um quadro gravíssimo: recusar o convite era uma ofensa inqualificável; mas, como se isso não bastasse, esses convidados indignos manifestaram um desprezo inconcebível pelo rei, matando os seus servos. O rei enviou então as suas tropas que castigaram os assassinos (vers. 7. Esta referência não aparece no relato de Lucas… É uma provável interpretação da destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos de Tito, no ano 70. Isso significa que a versão que Mateus nos dá da parábola é posterior a essa data).
O rei resolveu, apesar de tudo, manter a festa e mandou que fossem trazidos para o “banquete” todos aqueles fossem encontrados nas “encruzilhadas dos caminhos”. E esses desclassificados, esse “povo da terra”, que nunca se tinha sentado à mesa de um personagem importante (com tudo o que isso significava em termos de comunhão e de estabelecimento de laços de família e de amizade), celebrou a festa à mesa do rei.
O sentido da parábola é óbvio… Deus é o rei que convidou Israel para o “banquete” do encontro, da comunhão, da chegada dos tempos messiânicos (as bodas do “filho”). Os sacerdotes, os escribas, os doutores da Lei recusaram o convite e preferiram continuar agarrados aos seus esquemas, aos seus preconceitos, aos seus sistemas de auto-salvação. Então, Deus convidou para o “banquete” do Messias esses pecadores e desclassificados que, na perspectiva da teologia oficial, estavam arredados da comunhão com Deus e do Reino.
Esta parábola explicita bem o cenário em que o próprio Jesus se move… Ele aparece, com frequência, a participar em “banquetes” ao lado de gente duvidosa e desclassificada, ao ponto de os seus inimigos o acusarem de “comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e de pecadores” (Mt 11,19; Lc 7,34). Porque é que Jesus participa nesses “banquetes”, correndo o risco de adquirir uma fama tão desagradável? Porque no Antigo Testamento – como vimos na primeira leitura – os tempos messiânicos são descritos com a imagem de um “banquete” que Deus prepara para todos os povos. Ora, Jesus tem consciência de que, com Ele, esses tempos chegaram; e utiliza o cenário do “banquete” para expressar a realidade do Reino (a mesa da festa, do amor, da comunhão com Deus, para a qual todos os homens e mulheres, sem excepção, são convidados). Para Ele, o sentar-se à mesa com os pecadores é uma forma privilegiada de lhes dizer que Deus os acolhe com amor e que quer estabelecer com eles relações de comunhão e de familiaridade, sem excluir ninguém do seu convívio ou da sua comunidade.
Os líderes de Israel, no entanto, sempre reprovaram a Jesus esse contacto com os pecadores e os desclassificados… Para eles, os publicanos e as prostitutas, por exemplo, estavam definitivamente arredadas da comunidade da salvação. Sentá-los à mesa do “banquete” do Reino é algo de inaudito e que os líderes de Israel acham absolutamente inapropriado.
É muito provável que, originalmente, a parábola tivesse servido a Jesus para responder àqueles que o acusavam de ter convidado para o “banquete” do Reino todo o tipo de desclassificados e de pecadores. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, a questão não é se tal ou tal pessoa tem o direito de se sentar à mesa do Reino; mas a questão essencial é se se aceita ou não se aceita o convite de Deus. Na verdade, os líderes de Israel recusaram o desafio de Deus, enquanto que os pecadores e desclassificados o acolheram de braços abertos.
Mais tarde, a comunidade cristã irá fazer uma releitura um pouco diferente da parábola e utilizá-la para explicar porque é que os pagãos acolheram melhor do que os judeus a Boa Nova do Reino.
A segunda parábola é a parábola do convidado que se apresentou na festa sem o traje nupcial (vers. 11-14). O rei que organizou o “banquete” mandou, então, lançá-lo fora da sala onde se realizava a festa.
A parábola constitui uma advertência àqueles que aceitaram o convite de Deus para a festa do Reino, aderiram à proposta de Jesus e receberam o Baptismo. Mateus escreve no final do século I (anos 80), quando os cristãos já tinham esquecido o entusiasmo inicial e viviam instalados numa fé pouco exigente. Consideravam que já tinham feito uma opção definitiva e que já tinham assegurado a salvação. Mateus diz-lhes: cuidado, porque não chega entrar na sala do “banquete”; é preciso, além disso, vestir um estilo de vida que ponha em prática os ensinamentos de Jesus. Quem foi baptizado e aderiu ao “banquete” do Reino, mas recusou o traje do amor, da partilha, do serviço, da misericórdia, do dom da vida e continua vestido de egoísmo, de arrogância, de orgulho, de injustiça, não pode participar na festa do encontro e da comunhão com Deus. Deus chamou todos os homens e mulheres para participarem no “banquete”; mas só serão admitidos aqueles que responderem ao convite e mudarem completamente a sua vida.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

XXVII Domingo Tempo Comum - 02 de outubro de 2011




Primeira Leitura (Is 5, 1-7)
Livro do Profeta Isaías
Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercoua, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas
selvagens. Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. O que poderia eu ter feito a mais por
minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens? Pois agora vou mostrar-vos o que farei com
minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. Vou póia-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. Pois bem, a vinha do Senhor dos  exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça – e eis injustiça; esperava obras de bondade – e eis iniqüidade. Palavra do Senhor.

Segunda Leitura (Fl 4, 6-9)
Carta de São Paulo aos Filipenses
Irmãos: Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas
necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos,
ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim o Deus da paz estará convosco. Palavra do Senhor.

Evangelho (Mt 21, 33-43)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: “Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma
forma. Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. Os vinhateiros, porém, ao verem o
filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo
responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas
Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos’?
Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. Palavra da Salvação

Reflexão
A liturgia deste domingo continua o tema da vinha, um poema composto pelo profeta Isaías, em que é descrito o amor de Deus e a resposta do povo.
A 1ª leitura nos ajuda a entender que se trata de fazer obras boas em favor do próximo, a justiça social. No Evangelho, Jesus retoma o poema de Isaías que se assemelha à 1ª leitura. Na época da colheita, o dono não entrega
os frutos, maltrata os enviados, substitui os empregados, mata pessoas.
A parábola ilustra a recusa de Israel em aceitar o projeto de salvação que Deus oferece aos homens através de Jesus Cristo. O dono é o Senhor que manifestou muito amor pela vinha. Os vinhateiros, são os chefes de Israel. Os enviados, são os profetas, o próprio Cristo (o Filho de Deus). Resultado: Jesus anuncia que “a vinha” vai ser retirada e confiada a trabalhadores
que produzem e entregam a Deus os frutos colhidos, pois os frutos expressam a gratidão ao desvelo de Deus para com a sua vinha. Hoje, a Palavra nos diz que somos os trabalhadores da vinha que devemos produzir os frutos para não decepcionar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
A responsabilidade pelo zelo da vinha não está restrita a alguns, deve ser uma preocupação do cristão, pois em Jesus Cristo todos se tornam  membros do povo eleito. Nesse sentido, todo cristão deve sentir-se inserido
nesta vinha do Senhor e motivado a produzir muitos e bons frutos de justiça, paz e mansidão. É preciso semear não apenas com palavras e
sim, com testemunho, que é o que realmente fica. “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim”, diz São Paulo na 2ª leitura de hoje.
Quais são os frutos que produzem hoje as nossas comunidades?
Produzem justiça, amor, paz, serenidade? Produzem felicidade para todas as pessoas ou se restringem a mostrar solenes liturgias, feitas de palavras e gestos desligados da vida? Preocupam-se em saber qual a vontade do
único e legítimo Senhor da vinha?

Leituras da semana
2ª feira: Jn 1, 1-2,1.11;Jn 2;Lc 10, 25-37
3ª feira: Jn 3, 1-10;Sl 129;Lc 10, 38-42
4ª feira: Jn 4, 1-11; Sl 85; Lc 11, 1-4
5ª feira: Ml 3, 13-20a; Sl 1;Lc 11, 5-13
6ª feira: At 1, 12-14; Lc 1, 46-57;Lc 1, 26-38
Sábado: Jl 4, 12-21; Sl 96; Lc 11, 27-28