quinta-feira, 13 de outubro de 2011

XXIX Domingo Tempo Comum - 16 de outubro de 2011




Primeira Leitura (Is 45, 1. 4-6)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu Ungido: “Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis, abrir todas as portas à sua marcha, e para não deixar trancar os portões. Por causa de meu servo Jacó, e de meu eleito Israel, chamei-te pelo nome; reservei-te, e não me reconheceste. Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus. Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro. Palavra do Senhor.

 Salmo de meditação (Sl 95)
Ref: Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória!
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Manifestai a sua glória entre as nações e entre os povos do universo, seus prodígios!
2. Pois Deus é grande e muito digno de louvor, é mais terrível e maior que os
outros deuses, porque nada são os deuses dos pagãos, foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus.
3. Ó família das nações, dai ao Senhor, ó nações, dai ao Senhor poder e glória, dailhe
a glória que é devida ao seu nome, Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
4. Adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele! Publicai
entre as nações: “Reina o Senhor” pois os povos ele julga com justiça.

Segunda Leitura(Its 1, 1-5b)
Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.
Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. Porque o nosso evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso, com toda a abundância. Palavra do Senhor.

Evangelho (Mt 22, 15-21)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Trouxeram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Palavra da Salvação.



Reflexão
A primeira leitura nos fala que Deus é livre para escolher quem Ele quer para agir em seu nome. Ciro era rei dos persas. Derrubou o império babilônico e permitiu que o povo de Deus voltasse à sua terra e reconstruísse o templo e a cidade de Jerusalém. Esse rei pagão, vencendo a Babilônia e dando liberdade ao povo exilado, está sendo escolhido por Deus para estabelecer a justiça na história.
Ao dar uma espécie de anistia pelo decreto conhecido como edito de Ciro, ele é saudado como o enviado e ungido do Senhor para libertar seu povo. Está sendo escolhido por Deus para estabelecer a justiça na história. Está devolvendo a Deus o que lhe pertence - o povo sofrido, centro das atenções de Deus.
Paulo anuncia o Evangelho e forma, em Tessalônica, um pequeno grupo. Ele ficou aí poucas semanas, pois teve que fugir, perseguido que estava. A palavra despertou a fé; a força de Deus esteve presente e aí se formou um povo eleito. A comunidade de Tessalônica torna-se exemplo de caminho a ser seguido pela “atuação da fé, esforço da caridade e firmeza da esperança”. O Evangelho nos fala dos fariseus e herodianos que se dirigem a Jesus e, após palavras de elogio, chamando-o de verdadeiro e dizendo que Ele ensinava o caminho de Deus, interrogam-no se é lícito pagar o imposto a César. Jesus é muito hábil em sua
resposta, que denuncia a hipocrisia, desfaz a armadilha que lhe prepararam e oferece um ensinamento acima do nível proposto pelos inimigos. Jesus afirma que acima de qualquer poder humano está Deus e seu povo, criado à sua imagem e semelhança. Não se trata de devolver uma vil moeda, mas sim de devolver a Deus seu povo, o qual não deve se submeter a nenhum poder humano que se faça passar por divino.
Em meio a tanta corrupção que vemos hoje, podemos reconhecer vários poderosos que se colocam como deuses. O poder político coloca-se como valor absoluto. Pessoas, regimes ou estruturas impedem a humanidade de ser “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Roubam de Deus o que pertence unicamente a Ele: o povo. A Deus não temos como pagar, pois tudo a Ele pertence. O tributo que podemos pagar a Deus é a entrega de nossa vida, compromisso com o projeto que Jesus nos ensinou, no amor fraterno e na justiça. Ligamos fé e economia, conseguindo romper com a dominação do dinheiro, do consumismo, da adoração à moeda estrangeira, do poder e do sucesso? Na Igreja, na comunidade, como nos organizamos para ficar livres da ganância do poder e do dinheiro?

Leituras da semana
2ª feira: Rm 4, 20-25; Lc 1;Lc 12, 13-21
3ª feira: 2Tm 4, 10-17b;Sl 144; Lc 10, 1-9
4ª feira: Rm 6, 12-18;Sl 123; Lc 12, 39-48
5ª feira: Rm 6, 19-23; Sl 1; Lc 12, 49-53
6ª feira: Rm 7, 18-25a;Sl 118; Lc 12, 54-59
Sábado Rm 8, 1-11; Sl 23; Lc 13, 1-9



sábado, 8 de outubro de 2011

XXVIII Domingo Tempo Comum - 09 de outubro de 2011





1ª Leitura - Is 25, 6-10a
O Senhor dará um banquete e enxugará
as lágrimas de todas as faces.
leitura do Livro do Profeta Isaías 25, 6-10a
6O Senhor dos exércitos daráneste monte, para todos os povos,um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro,servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos.7Ele removerá, neste monte,a ponta da cadeia que ligava todos os povos,a teia em que tinha envolvido todas as nações.8O Senhor Deus eliminará para sempre a mortee enxugará as lágrimas de todas as facese acabará com a desonra do seu povo em toda a terra,o Senhor o disse.9Naquele dia, se dirá: 'Este é o nosso Deus,esperamos nele, até que nos salvou;este é o Senhor, nele temos confiado:vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo'.10aE a mão do Senhor repousará sobre este monte.Palavra do Senhor.

Salmo - Sl 22,1-3a.3b-4.5-6 (R. 6cd)
R. Na casa do Senhor habitarei, eternamente.

1O Senhor é o pastor que me conduz;*não me falta coisa alguma.2Pelos prados e campinas verdejantes*ele me leva a descansar.Para as águas repousantes me encaminha,*3e restaura as minhas forças.R.
3bEle me guia no caminho mais seguro,*pela honra do seu nome.4Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,*nenhum mal eu temerei;estais comigo com bastóo e com cajado;*eles me dão a segurança!R.
5Preparais à minha frente uma mesa,*bem à vista do inimigo,e com óleo vós ungis minha cabeça;*o meu cálice transborda.R.
6Felicidade e todo bem hão de seguir-me*por toda a minha vida;e na casa do Senhor, habitarei*pelos tempos infinitos.R.

2ª Leitura - Fl 4,12-14.19-20
Tudo posso naquele que me dá força.
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses 
Irmãos:12Sei viver na miséria e sei viver na abundância.Eu aprendi o segredo de viver em toda e qualquersituação, estando farto ou passando fome,tendo de sobra ou sofrendo necessidade.13Tudo posso naquele que me dá força.14No entanto, fizestes bem em compartilhar as minhasdificuldades.19O meu Deus proverá esplendidamente com sua riquezaa todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus.20Ao nosso Deus e Pai,a glória pelos séculos dos séculos. Amém.Palavra do Senhor.

Evangelho - Mt 22,1-14
Convidai para a festa todos os que encontrardes.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,1-14
Naquele tempo:Jesus voltou a falar em parábolasaos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo,2dizendo: 'O Reino dos Céus é como a história do reique preparou a festa de casamento do seu filho.3E mandou os seus empregadospara chamar os convidados para a festa,mas estes não quiseram vir.4O rei mandou outros empregados, dizendo:`Dizei aos convidados: já preparei o banquete,os bois e os animais cevados já foram abatidose tudo está pronto. Vinde para a festa!'5Mas os convidados não deram a menor atenção:um foi para o seu campo, outro para os seus negócios,6outros agarraram os empregados,bateram neles e os mataram.7O rei ficou indignado e mandou suas tropas para mataraqueles assassinos e incendiar a cidade deles.8Em seguida, o rei disse aos empregados:`A festa de casamento está pronta,mas os convidados não foram dignos dela.9Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhose convidai para a festa todos os que encontrardes.'10Então os empregados saíram pelos caminhose reuniram todos os que encontraram, maus e bons.E a sala da festa ficou cheia de convidados.11Quando o rei entrou para ver os convidados, observouali um homem que não estava usando traje de festa12e perguntou-lhe: `Amigo,como entraste aqui sem o traje de festa?'Mas o homem nada respondeu.13Então o rei disse aos que serviam:`Amarrai os pés e as mãos desse homeme jogai-o fora, na escuridão!Ali haverá choro e ranger de dentes'.14Por que muitos são chamados, e poucos são escolhidos.'Palavra da Salvação.


Mensagem

A primeira parábola é a parábola dos convidados para o “banquete” (vers. 1-10). Apresenta-nos um rei que organizou um banquete para celebrar o casamento do seu filho. Convidou várias pessoas, mas os convidados recusaram-se a participar no “banquete”, apresentando as desculpas mais inverosímeis. Mateus chega a dizer (um dado que não aparece no relato de Lucas) que teriam até assassinado os emissários do rei… Trata-se de um quadro gravíssimo: recusar o convite era uma ofensa inqualificável; mas, como se isso não bastasse, esses convidados indignos manifestaram um desprezo inconcebível pelo rei, matando os seus servos. O rei enviou então as suas tropas que castigaram os assassinos (vers. 7. Esta referência não aparece no relato de Lucas… É uma provável interpretação da destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos de Tito, no ano 70. Isso significa que a versão que Mateus nos dá da parábola é posterior a essa data).
O rei resolveu, apesar de tudo, manter a festa e mandou que fossem trazidos para o “banquete” todos aqueles fossem encontrados nas “encruzilhadas dos caminhos”. E esses desclassificados, esse “povo da terra”, que nunca se tinha sentado à mesa de um personagem importante (com tudo o que isso significava em termos de comunhão e de estabelecimento de laços de família e de amizade), celebrou a festa à mesa do rei.
O sentido da parábola é óbvio… Deus é o rei que convidou Israel para o “banquete” do encontro, da comunhão, da chegada dos tempos messiânicos (as bodas do “filho”). Os sacerdotes, os escribas, os doutores da Lei recusaram o convite e preferiram continuar agarrados aos seus esquemas, aos seus preconceitos, aos seus sistemas de auto-salvação. Então, Deus convidou para o “banquete” do Messias esses pecadores e desclassificados que, na perspectiva da teologia oficial, estavam arredados da comunhão com Deus e do Reino.
Esta parábola explicita bem o cenário em que o próprio Jesus se move… Ele aparece, com frequência, a participar em “banquetes” ao lado de gente duvidosa e desclassificada, ao ponto de os seus inimigos o acusarem de “comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e de pecadores” (Mt 11,19; Lc 7,34). Porque é que Jesus participa nesses “banquetes”, correndo o risco de adquirir uma fama tão desagradável? Porque no Antigo Testamento – como vimos na primeira leitura – os tempos messiânicos são descritos com a imagem de um “banquete” que Deus prepara para todos os povos. Ora, Jesus tem consciência de que, com Ele, esses tempos chegaram; e utiliza o cenário do “banquete” para expressar a realidade do Reino (a mesa da festa, do amor, da comunhão com Deus, para a qual todos os homens e mulheres, sem excepção, são convidados). Para Ele, o sentar-se à mesa com os pecadores é uma forma privilegiada de lhes dizer que Deus os acolhe com amor e que quer estabelecer com eles relações de comunhão e de familiaridade, sem excluir ninguém do seu convívio ou da sua comunidade.
Os líderes de Israel, no entanto, sempre reprovaram a Jesus esse contacto com os pecadores e os desclassificados… Para eles, os publicanos e as prostitutas, por exemplo, estavam definitivamente arredadas da comunidade da salvação. Sentá-los à mesa do “banquete” do Reino é algo de inaudito e que os líderes de Israel acham absolutamente inapropriado.
É muito provável que, originalmente, a parábola tivesse servido a Jesus para responder àqueles que o acusavam de ter convidado para o “banquete” do Reino todo o tipo de desclassificados e de pecadores. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, a questão não é se tal ou tal pessoa tem o direito de se sentar à mesa do Reino; mas a questão essencial é se se aceita ou não se aceita o convite de Deus. Na verdade, os líderes de Israel recusaram o desafio de Deus, enquanto que os pecadores e desclassificados o acolheram de braços abertos.
Mais tarde, a comunidade cristã irá fazer uma releitura um pouco diferente da parábola e utilizá-la para explicar porque é que os pagãos acolheram melhor do que os judeus a Boa Nova do Reino.
A segunda parábola é a parábola do convidado que se apresentou na festa sem o traje nupcial (vers. 11-14). O rei que organizou o “banquete” mandou, então, lançá-lo fora da sala onde se realizava a festa.
A parábola constitui uma advertência àqueles que aceitaram o convite de Deus para a festa do Reino, aderiram à proposta de Jesus e receberam o Baptismo. Mateus escreve no final do século I (anos 80), quando os cristãos já tinham esquecido o entusiasmo inicial e viviam instalados numa fé pouco exigente. Consideravam que já tinham feito uma opção definitiva e que já tinham assegurado a salvação. Mateus diz-lhes: cuidado, porque não chega entrar na sala do “banquete”; é preciso, além disso, vestir um estilo de vida que ponha em prática os ensinamentos de Jesus. Quem foi baptizado e aderiu ao “banquete” do Reino, mas recusou o traje do amor, da partilha, do serviço, da misericórdia, do dom da vida e continua vestido de egoísmo, de arrogância, de orgulho, de injustiça, não pode participar na festa do encontro e da comunhão com Deus. Deus chamou todos os homens e mulheres para participarem no “banquete”; mas só serão admitidos aqueles que responderem ao convite e mudarem completamente a sua vida.